Apresento aqui algumas respostas a perguntas que me são dirigidas com certa freqüência a respeito do tratamento psicanalítico.
O que é psicanálise?
A psicanálise é um tipo de psicoterapia que se diferencia das demais por fundamentar-se na teoria do inconsciente. Uma teoria que considera o sofrimento psíquico humano um resultado de processos mentais inconscientes.
O que trata a psicanálise?
A psicanálise é útil para o tratamento do sofrimento psíquico em geral (depressão, fobia, angústia, transtornos alimentares, dificuldades sexuais, compulsões, adições, dentre outros).
Como se dá o tratamento psicanalítico?
O tratamento se dá pela fala.
A quem é indicada a psicanálise?
A psicanálise é indicada a todos aquele que, além de desejar uma cura para o seu sofrimento, esteja disposto a refletir sobre sua história.
Qual é a diferença entre Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise?
Uma dúvida constante que constato é a respeito do ofício do psicanalista em comparação com o do psiquiatra e do psicólogo. A dúvida se dá, pois a maioria dos psicanalistas são também psicólogos ou psiquiatras. Mas a prática da psicanálise não é de exclusividade de médicos ou de psicólogos; o fato é que muitas instituições psicanalíticas apenas aceitam médicos ou psicólogos em suas instituições. Mas nem todas são assim. Aliás, o próprio fundador da psicanálise – Sigmund Freud – escreveu um livro a respeito do assunto (A Questão da Análise Leiga) quando um membro de sua instituição fora acusado de “prática ilegal da medicina”. Nesse livro, Freud distingue a psicanálise da medicina e a confere um status independente; também estabelece os critérios para que alguém possa se tornar um analista:
O preparo para a atividade analítica de modo algum é fácil e simples. O trabalho é árduo, grande a responsabilidade. Mas, qualquer um que tenha sido analisado, que tenha dominado o que pode ser ensinado em nossos dias sobre a psicologia do inconsciente, que esteja familiarizado com a ciência da vida sexual, que tenha aprendido a delicada técnica da psicanálise, a arte da interpretação, de combater resistências e de lidar com a transferência - qualquer um que tenha realizado tudo isso não é mais um leigo no campo da psicanálise. Ele é capaz de empreender o tratamento de perturbações neuróticas e ainda poderá com o tempo alcançar nesse campo o que quer que se possa exigir dessa forma de terapia. (Freud, A Questão da Análise Leiga, cap. V)
É importante salientar também que a psicanálise é uma forma de tratamento independente do uso de medicação, mas, em alguns casos, é indicado que o tratamento seja acompanhado desse recurso e que, portanto, paralelamente ao tratamento psicanalítico exista um tratamento psiquiátrico.
Um psiquiatra também pode ser um psicanalista, mas nem todo psicanalista é psiquiatra; o mesmo vale para os psicólogos. Agora, também é importante salientar que a psicologia compreende um domínio mais vasto que o da psicanálise: um(a) psicólogo(a), em sua formação, pode vir a aprender alguns conceitos e técnicas próprios da psicanálise, mas não necessariamente isso ocorre. Por outro lado, o psicólogo, em sua formação, é posto em contato com outras formas de tratamento e teorias a respeito das patologias psíquicas. Isto é, o campo da psicologia é muito mais vasto que o da Psicanálise. Diante disso, vale notar que tanto psicólogos como psiquiatras que venham a exercer a psicanálise precisam empreender uma jornada de formação tal qual Freud delineou no texto acima. O mesmo vale para profissionais com formação acadêmica distinta da Medicina e da Psicologia.
Consulte também esse link que trata desse assunto e, caso tenha dúvidas, não hesite em entrar em contato.
Como se dá a formação do Psicanalista?
Repito aqui um pouco do que já disse acima nas palavras de Freud: a formação do psicanalista consiste em sua análise pessoal, no estudo aprofundado sobre a teoria psicanalítica e na supervisão clínica. A análise do analista e a supervisão que ele faz de seus atendimentos são elementos indispensáveis a sua formação; estão intrinsecamente relacionados com os fenômenos psíquicos inconscientes, pois, o próprio analista também possui o seu inconsciente. Através da sua própria análise e da supervisão com um colega, o analista toma os cuidados para que os seus próprios processos mentais inconscientes não prejudiquem o tratamento.